domingo, 30 de novembro de 2014

Nas entrelinhas da reportagem

Jornalista Klester Cavalcanti revela curiosidades sobre o processo de escrita do livro “O Nome da Morte”
Por Gabriela Alencar

Camiseta verde, calça jeans e tênis. Senta-se em cima da mesa da sala de palestras e não utiliza microfone. É assim que Klester Cavalcanti se apresenta na última quinta-feira (27) nas Faculdades Integradas Rio Branco. Bastante informal, ele preferiu que os presentes lhe fizessem perguntas, ao invés de fazer um monólogo.

Jornalista e autor de quatro livros (Direito da Selva, Viúvas da Terra, O Nome da Morte e Dias de Inferno na Síria) sendo os três últimos ganhadores do prêmio Jabuti de Literatura, o pernambucano Klester se mostrou bastante educado e atencioso durante o encontro, respondendo a todos os questionamentos feitos.

O principal tema da conversa foi o livro “O Nome da Morte”. Klester nos conta “A ideia inicial era fazer uma matéria para a revista Veja, só que ele não queria colocar o nome real, e eu não faço matéria sem nome real. Mas a história do cara era fantástica, e eu sou muito persistente, sabia que um dia ia conseguir convencer ele”.
Foto da capa do livro: "O Nome da Morte/ Divulgação 
“Eu fui morar em São Paulo, trabalhar aqui, lancei o primeiro livro, lancei o segundo, foi então que eu me liguei: o Júlio rende um livro”. Cavalcanti nos revela que passou sete anos se comunicando com Júlio Santana, o personagem principal de O Nome da Morte, por telefone, até se dar conta de que a história era muito boa, para se tratar apenas de uma matéria.  

Durante todos os anos de conversa por telefone, e de todas as histórias contadas por Júlio, Klester também apurava todos os fatos, pesquisava tudo, entrevistava pessoas envolvidas, familiares das vítimas, para poder ter um relato verídico com todas as partes envolvidas, “porque eu acho que é esse trabalho que eu faço que deixa os meus livros legais, eu não falo só a historia do personagem, eu conto o que teve em torno”.

A curiosidade geral foi se Klester em algum momento ficou com medo, ou com algum receio na hora de entrevistar Júlio Santana, afinal ele era um matador de aluguel que já matou quase 500 pessoas, mas o jornalista nos conta que o tratava apenas como uma fonte. “O Júlio para mim é uma fonte. Quando eu faço um trabalho eu não julgo se o cara é um matador, padre, empresário, arquiteto, eu vou entrevistar uma pessoa, uma fonte. Não me interessa os valores do cara, se é bom ou mal, se é rico ou pobre".

E dá uma dica para os futuros jornalistas: “A entrevista é um namoro, é uma conquista, você vai conquistar a pessoa e vice e versa. Você tem que tratar todo mundo igual e com Júlio era assim, para mim era uma fonte e eu tenho certeza que ele sentiu isso”. 

Um dos pontos de grande destaque na palestra foi quando a professora de ética e legislação, Renata Carraro, perguntou a Klester o porquê ele não ter entregado um assassino de aluguel à polícia, se essa atitude foi antiética da parte dele. Klester rebate: “Eu sou jornalista, eu não sou policial. Meu trabalho ali era contar a história do cara”. Ele comenta que quem passou o contato de Júlio para ele foi um policial federal. “A polícia foi quem o entregou, vou dar o cara de volta?”, contesta.

“Para mim como jornalista seria antiético eu entregar o Júlio, o cara é minha fonte, ele confiou em mim. A relação é a seguinte, eu vou contar a sua história. Eu tinha que ser fiel ao que eu falei com ele”. Cavalcanti esclarece que a denúncia é através de seu livro, um homem que matou 492 pessoas e nunca foi preso ou condenado. É justamente para mostrar como no Brasil existe uma pessoa assim e está solta até hoje. “Esse cara é uma pessoa no sistema, ele não é o único assassino de aluguel do Brasil”.

No livro todas as informações, datas, nomes, sobrenomes, lugares são reais. O jornalista explica que para ser um verdadeiro trabalho jornalístico, é necessário que tudo seja apurado e checado, se não para ele trata-se de ficção. “Se você não me contar o nome real nas pessoas, como e onde foi o fato, para mim é lenda”, afirma.  

Apesar de “O Nome da Morte” ter sido publicado em 2006, Klester sanou a curiosidade dos presentes, ao declarar que ainda mantém contato com o ex-matador de aluguel, que hoje está aposentado. Ele revela que liga para Júlio todos os anos, no dia do aniversário dele e que recebe ligações no Natal ou em outras datas. E ainda que repassa 20% do que ganha com o livro para Júlio, através de um acordo verbal.  
Jornalista e escritor Klester Cavalcanti/Divulgação
“Além de fã, virei amiga”

Renata Carraro, professora das Faculdades Rio Branco, nos cursos de direito e jornalismo, é amiga de longa data de Klester e nos revela como o conheceu. "Eu conheci o Klester quando eu fui jurada do prêmio Valdimir Herzog, na categoria livro reportagem. E um dos livros que estavam concorrendo ao prêmio, era O Nome da Morte”. Mas, naquela ocasião, o livro de Klester não foi o vencedor.

“O meu voto foi para o livro dele. Eu achei maravilhoso, em termos de uma narrativa perfeita, um texto perfeito, em termos de apuração. O assunto era inédito”, conta. Dois meses depois, na entrega do prêmio Jabuti, em que o livro “O Nome da Morte” foi o vencedor, Carraro finalmente teve a oportunidade de conversar com o jornalista e comentar sobre suas impressões a respeito do livro. “Desde então, fomos ficando mais amigos. Ele começou a vir falar com os meus alunos, eu o apresentei para outros colegas e além de fã, virei amiga”.

O processo de escrita

Klester Cavalcanti conta que prefere anotar tudo, todas as informações passadas pelas pessoas durante as entrevistas, do que utilizar um gravador, porque considera chato ter que ouvir tudo depois. “As minhas entrevistas são sempre com um bloquinho e uma caneta”.

Ele conta “Eu tenho uma ótima memória, se eu escrever uma frase, eu lembro de tudo que a pessoa me falou, de dez minutos de conversa”. Processo muito parecido com o famoso jornalista americano Truman Capote, que inaugurou o chamado jornalismo literário através do livro, A Sangue Frio. Segundo relatos, Capote possuía uma ótima memória e consegui gravar 95% de todas as conversas que tinha com seus entrevistados, sem utilizar gravadores.

Por fim, Klester nos conta que quando têm todas as informações apuradas e investigadas, é que ele começa a escrever, essas incríveis e chocantes histórias.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Alcóolicos Anônimos um desafio à sobriedade

Irmandade ajuda na recuperação de homens e mulheres por meio de mandamentos e experiências contadas pelos integrantes nas reuniões 

Por Camila Santos e Nathalia Franco


O grupo Alcoólicos Anônimos buscam dar forças aos dependentes do alcoolismo, através de reuniões em que compartilham suas experiências, dificuldades e desafios vencidos em busca do bem-estar de seus participantes. O AA, como é conhecido, foi desenvolvido no ano de 1945, um membro viajante norte americano, de nome Bob Valentine, amigo de Bill W, de passagem pelo Rio de Janeiro, então capital nacional, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após conversar com Bob Valentine, Lynn encontra a sobriedade.

A Fundação do Alcoólicos era a responsável direta pela correspondência de Alcoólicos Anônimos com a sociedade e o elo de ligação entre seus membros. Portanto, Bob Valentine, de volta aos EUA, em visita à Fundação, passa-lhe o endereço de Lynn, como possível contato no Brasil. Prontamente, a secretária da Fundação do Alcoólico escreve-lhe uma carta na qual solicita a confirmação do contato brasileiro, dizendo-se feliz por poder assinalar um ponto na cidade do Rio de Janeiro em seu mapa de contatos no exterior.

Ao receber essa correspondência, Lynn responde afirmativamente sobre incluir-se como contato de A.A. no Rio de Janeiro e informa que sua estada no Brasil seria por pouco tempo. Solicita também algum material, como memorandos e boletins informativos, por exemplo.

A dependência do indivíduo pelo álcool é considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde o desejo incontrolável de ingerir e consumir bebidas alcoólicas pode prejudicar a saúde resultando em doenças graves e irreversíveis, além de destruir uma vida, uma família ou um lar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) existe cerca de quatro milhões de pessoas alcoólatras no Brasil, e de 4 em cada 10 não bebem, nesse grupo se encontra jovens, adolescentes, adultos, homens e mulheres.

O combate à doença é realizado através de tratamentos de recuperação um dos, e o que mais tem ajudado para quem já sofreu ou sofre com a doença do alcoolismo é o grupo ou irmandade com caráter de solidariedade que envolve tanto mulheres como homens, que se reúnem para compartilhar suas historias e vivências por meio de reuniões, com que promovem conversas que ajuda na recuperação do indivíduo e o grupo, com pessoas que estão em busca do mesmo objetivo a sobriedade e a saúde plena.

.Para entrar para o grupo dos Alcoólatras Anônimos ou AA o único requisito é de parar de beber, o anonimato do membro é garantido e para se tornar membro não é preciso pagar mensalidades e nem taxa, o grupo sobrevive com suas próprias contribuições, não está vinculado a nenhuma religião ou partido político e nenhuma organização. Atualmente são existentes 116 mil grupos e mais de dois milhões de membros em 180 países, no Brasil tem cerca de seis mil grupos.   

 De acordo um dos participantes de uma unidade do AA, localizada em Barueri, que preferiu não se identificar, afirma que o estado de limpeza não altera em nada o seu humor e há  11 anos e sete meses está sóbrio. Além disso, ele pontua que a convivência com outras pessoas que estão na mesma situação auxilia na recuperação, já que não há sensação de isolamento.


Sala onde ocorre as reuniões do grupo (Créditos: Nathalia Franco)
    Sobre a sua entrada no AA, o indivíduo contou que foi levado por uma amiga ao local. Ela o aconselhou a buscar ajuda para o problema por meio da mensagem compartilhada nas reuniões. Ele tomou coragem e deu o primeiro passo em busca de sua nova vida. Mesmo sem a dependência da bebida, o entrevistado afirma que permanecer no grupo e frequenta-lo diariamente mantém o processo de amadurecimento. Os membros permanecem em contato através das redes sociais para que estejam cientes das necessidades de cada um.



Serviço


  • Local: Alcoólicos Anônimos Grupo Só Por Hoje 
  • Endereço: Rua Campos Sales 639 2° Andar - Sala 05 - Centro
  • CEP: 06420-390 Barueri - SP
  • Dia: 26/09/2014 Reunião: 19h30min às 21h30min
  • Telefone: 3315-0040
  • Email: gruposoporhojeaa@gmail.com

História das eleições

Mulheres conquistaram seu lugar na política, e atualmente, todos, maiores de 16 anos, tem direito ao voto. 


Por Jacqueline Altopiedi 


As eleições no Brasil iniciaram-se em 1532 na Vila de São Vicente. Naquele ano as eleições tinham caráter local ou municipal, ou seja, as eleições eram para escolher o administrador das vilas ou municípios.

Apenas os “homens bons” tinham direito de voto, taxados pela renda, herança familiar e propriedade, participação na burocracia civil e militar da época. Em 1824 o voto era obrigatório e apenas homens com mais de 25 anos com uma renda anual determinada poderiam votar. Era proibido que mulheres, homens com menos de 25 anos, assalariados em geral, soldados, índios e escravos votassem.

O Congresso serviu de Colégio Eleitoral em 1891, 1933, 1964 e 1966 para as eleições indiretas, abolida na eleição de Tancredo Neves, em 1985. Na ditadura militar, os protestantes tinha um jargão e iam às ruas com cartazes escritos “Diretas já” para protestar contra os votos indiretos.

Em 1932 foi definido pelo Código Eleitoral Provisório que o cidadão maior de 21 anos, homem ou mulher, tinha direito ao voto, porém, só em 1965 o voto feminino ficou definitivo. Nesse mesmo ano o voto se tornou secreto com a edição do Código Eleitoral. A Constituição Federal de 1988 deixou como voto facultativo mulheres analfabetas e maiores de 16 anos.

Eleições a partir de 1950 eram feitas por meio de uma cédula única em que tinha que marcar, escrever o nome ou o número do candidato e depositadas em urnas manuais. Em 1980 surgiu uma ideia para que a máquina de votação fosse implantada, mas só em 1991 foi construída a primeira urna eletrônica brasileira, passando a utilizar o voto eletrônico no Brasil.

Reprodução: Veja
Atualmente o voto é obrigatório para todo brasileiro maior de 18 anos e facultativo para adolescentes de 16 e 17 anos ou idosos com mais de 70 anos. Só é proibido para estrangeiros, aqueles que prestam serviço militar obrigatório e menores de 16 anos.

Até o dia 1º de Agosto a Justiça Eleitoral convocou cerca de 500 mil mesários com 18 anos ou mais, compondo mais de 100 mil mesas receptoras e de justificativa. Os mesários são escolhidos aleatoriamente. Os mesários escolhidos trabalham na mesma seção em que votam, para não haver reclamações. O eleitor escolhido tem até 5 dias para contestar. Caso não haja a contestação o comparecimento é obrigatório.

A Justiça Eleitoral criou o programa “Mesário Voluntário” para que o número de indicados diminua e incentive inscrições espontâneas. O eleitor que trabalha como mesário voluntário pode utilizar como horas complementares.

Cauê Andruskevicius, estudante de publicidade e propaganda das Faculdades Integradas Rio Branco teve sua primeira experiência esse ano. “Eu gostei, acho que é algo que todos devemos fazer às vezes. Não apenas representar o país quando tem Copa do Mundo, mas também em atos que envolvem nossa politica” - indagou.


Questionado sobre as chamadas que vai contra a vontade dos eleitores ele diz: “Para ser mesário eu me candidatei”. E completa “acho que apenas deveria ser mesário quem de fato quisesse, afinal, vivemos em uma democracia, assim como deveria votar apenas quem quisessem assim teríamos menos candidatos ruins eleitos”. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Histórias de Cemitério



Visita monitorada ao Cemitério da Consolação mostra principais atrações da arte tumular e surpreende com breve aula de história brasileira.
Por Fernanda Clas e Tamiris Mota
Poucos cenários seriam mais inusitados para estudar história como um cemitério. O “museu a céu aberto”, como é chamado carinhosamente o Cemitério da Consolação, pelo guia Francivaldo Gomes,  recebe cerca de 150 pessoas por mês para uma visita monitorada que ocorre todas as terças e sextas-feiras.
Em uma sexta-feira chuvosa o número de participantes era menor do que o esperado: nós e mais dois participantes fomos guiados por Francivaldo, um cearense que não gosta de ser chamado de professor, mas deu uma aula por seu conhecimento vasto e rico em detalhes sobre a história do Brasil. Foi uma surpresa encontrar uma pessoa tão ávida por conhecimento num cemitério. De sepultador, Francivaldo Gomes, mais conhecido como Popó, se tornou guia do Cemitério da Consolação, revelando as histórias das pessoas que marcaram, de alguma forma, a sociedade brasileira em uma época distante da nossa.
Começamos a visita pelo túmulo da Marquesa de Santos que, segundo documentos históricos, doou quatro contos de réis para a construção da capela que se encontra no cemitério e depois foi reformada num projeto de Ramos de Azevedo. Seguindo a visita, descobrimos que, apesar da aparente elitização do cemitério, a primeira pessoa a ser sepultada ali foi um escravo, em 15 de agosto de 1858. Ali também encontramos o túmulo de Luís Gama, ex-escravo que foi orador, jornalista, escritor e considerado um dos maiores abolicionistas brasileiros. Gama, até os 17 anos era analfabeto, conquistou sua liberdade judicialmente e depois trabalhou na advocacia em favor dos escravos. Seu trabalho, mesmo hoje, não é devidamente reconhecido por conta do preconceito, era muito difícil para época existir um intelectual negro. Em um determinado momento um dos participantes apontou para uma escultura diferente das outras. O guia nos explicou que aquele era o túmulo do Maestro Luigi Chiaffarelli. Ali a musa da música, Euterpe, foi representada por Nicola Rollo chorando a perda do maestro que ensinou Guiomar Novaes, a grande pianista brasileira.
Euterpe, a musa da música, feita por Nicola Rollo (Foto: Fernanda Clas)  

A visita, às vezes, parecia uma conversa, Popó permite muitas intervenções e inclusive incentiva isso. Quando apareciam dúvidas a respeito de algumas celebridades brasileiras falecidas, surpreendentemente, mesmo que a pessoa não estivesse enterrada ali, ele sabia parte de sua história, a data de sua morte e onde jazia a pessoa. Ao ser perguntado sobre suas fontes o guia diz “Quando os familiares, alguns bem 'velinhos', se aproximam eu pergunto ‘O senhor tem algum livro? O seu bisavô deixou algum livro? ’ e quando deixam, eles me dão de presente”. Ele também diz que visitou muitos museus, bibliotecas e, principalmente, andou muito por cemitérios.
Mesmo com os furtos frequentes, percebemos que aquele cemitério guarda objetos com muito mais valor do que os portões de bronze, ou as placas que são levadas, o que existe ali não é de um valor material “Espero que com as últimas divulgações de furtos as autoridades olhem mais para a nossa história... Para o nosso cemitério” diz Francivaldo que se considera no dever de ser um guardião não só do cemitério, mas de toda a história que está contida nele.
As visitas monitoradas ocorrem desde 2001, a iniciativa partiu de Délio Freire dos Santos, advogado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Ao passarmos pelo túmulo do advogado, historiador e estudioso da arte tumular, nosso guia nos explicou que esse era seu “mestre” e que ele foi o pioneiro nas visitações monitoradas aos cemitérios de São Paulo. Depois da sua morte em 2002, quem deu continuidade ao trabalho foi Francivaldo, que afirma que até hoje o Cemitério da Consolação é o único que possui essa proposta. Segundo Popó as pessoas vão a essa visita principalmente para expandir seu universo cultural, e vão de escolas até turistas curiosos.
Encerramos a visita, já passando um pouco do horário combinado, com a estátua “Os Vencedores” de Luigi Brizzolara (de 1921). Francivaldo diz que aquela é a sua escultura favorita, pois se sente representado ali: ele vê seu mestre, o antigo guardião, já ancião, passando a “tocha” das visitas monitoradas a ele, para assim dar continuidade ao seu trabalho.
O guia Francivaldo Gomes, em frente ao seu túmulo favorito. (Foto: Tamiris Mota)



As visitas são gratuitas e  acontecem todas as terças e sextas-feiras, das 9:30 às 11:00 horas e das 14 às 15:30 horas.
Para agendar a visita guiada, envie solicitação para  assessoriaimprensa@prefeitura.sp.gov.br

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Tradição que encanta

Revelando São Paulo desperta o amor pela cultura paulista no coração da capital Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues


Receitas caiçara, caipira e piraquara estiveram
representadas nos espaços culinários.
(Foto: Reinaldo Meneguim)
Os olhos deslumbrados mesmo após tantos anos revelam a paixão de Miriam Mossolin pela cultura paulista. A geógrafa de 54 anos, que acompanha o Revelando São Paulo desde quando ainda era realizado no Parque da Água Branca, faz questão de voltar todo ano — o encanto é tamanho que considera o evento um mundo a parte.
A 18ª edição do evento, realizada em setembro, reuniu mais de 1 milhão de pessoas no Parque da Vila Guilherme — Trote, entre visitantes de primeira viagem, encantados com as inúmeras manifestações culturais do Estado, e público cativo, como Miriam. Por dez dias, a zona norte da capital paulista esqueceu a agitação típica de metrópole e ganhou ares interioranos. Fogão a lenha, carros de boi e realejos enfeitaram a região. As demonstrações artísticas também deram mais cor ao universo costumeiramente cinzento da cidade.

+ Parque da Água Branca oferece cursos e oficinas culturais para a Terceira Idade


Ao chegar ao parque, Miriam cumpriu religiosamente o roteiro programado desde a primeira visita ao Revelando. Dirigiu-se ao palco principal e ficou por ali, a assistir a vasta programação do dia. A alegria não demorou a brotar em seu rosto. Prestigiar o evento é compromisso inadiável.


“Eu passava o dia inteiro lá na frente, assistia de tudo. Tinha folia de reis, congada… Percebi que estava passando tempo demais ali quando o Toninho começou a apresentar os grupos, conversando comigo”, relembra, aos risos. “Nenhum dos meus amigos vieram comigo. Resolvi vir sozinha, pensando que encontraria pessoas com gostos parecidos com os meus.”


O público ainda acompanhou as tradicionais Cavalhadas de jogos.
(Foto: Giovana Meneguim)

Foi assim que descobriu um novo núcleo de convivência. Toninho Macedo, idealizador e responsável pelo evento, sugeriu que a assessora de imprensa fizesse uma matéria com a senhora que passava o dia todo em frente ao palco, estreitando ainda mais os laços de Miriam com o festival.

Oito anos depois, a geógrafa já conhece o evento como o quintal de sua casa. “Estar lá é tão mágico que eu fui no domingo e aí falei pra minha mãe na segunda: bom, vamos voltar à vida real, porque o Revelando, pra mim, é um outro mundo. Resta agora esperar a próxima edição do evento.

domingo, 1 de junho de 2014

Simplificar ou não simplificar? Eis a questão

Projeto para tornar acessível às massas “O Alienista” de Machado de Assis causa polêmica e opiniões diversas
Por Gabriela Alencar

Vocabulário rebuscado, atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos e antecipações modernas, são as principais características dos textos de Machado de Assis, considerado o maior nome da literatura nacional. E quando pensamos em clássicos da literatura brasileira, seu nome logo surge em nossa mente.

Escritos há quase dois séculos, seus livros e contos ainda possuem uma grande visibilidade e importância tanto para mundo acadêmico quanto para o universo cultural. Porém, como comenta o professor de filosofia Humberto de Aragão “Temos que avaliar a realidade do país do qual nós somos cidadãos. A maioria do nosso povo é inculto ou com pouca cultura e dificilmente terá acesso ao um texto literário do nível dos textos escritos por Machado de Assis”.

Foto: Versão de "O Alienista" nos quadrinhos.
 Por Gabriel Bá e Fábio Moon. 
Pensando na dificuldade de leitura e na acessibilidade que os livros de Machado têm em camadas mais populares, a escritora Patrícia Secco, que escreve livros para o público infantil, criou um projeto que viabiliza simplificar a versão de "O Alienista" do autor. Segundo ela, os jovens atualmente não gostam de ler Machado porque consideram sua escrita complicada.

Versões simplificadas de “O Cortiço", de Aloísio de Azevedo e "Memórias de um Sargento de Milícias", de Joaquim Manoel de Macedo, também estão previstas. O projeto recebeu apoio do Ministério da Cultura com uma verba de R$ 1.039.000,00 para a disponibilização dos livros de forma gratuita através do Instituto Brasil Leitor.

A professora de língua portuguesa Virgínia Antunes de Jesus não concorda com a proposta de simplificação “Eu acho ridícula essa proposta, porque as pessoas acham que literatura é só enredo. Não. Tem todo um trabalho de linguagem por trás”.

“A leitura do texto de Machado de Assis em si é imprescindível e insubstituível”, declara o professor de filosofia. Mas, ele considera válido o projeto para tornar acessível ao povo brasileiro à literatura e os textos do escritor. “Se o objetivo é esparramar livros que o façamos mesmo adaptando a linguagem popular os clássicos da nossa literatura”.   

E completa citando o poeta abolicionista, Castro Alves:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar. “
(Castro Alves, “O Livro e a América”)

Justiceira Censurada

Entre declarações polêmicas, Rachel Sheherazade divide opiniões 

Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco

Rachel Sheherazade, jornalista pessoense conhecida por fazer diversas críticas a vários temas que envolvem a sociedade e o governo, gera controvérsias ao fazer suas declarações. A atual âncora do SBT Brasil, um dos jornais da terceira maior emissora de TV do país, mostra sua opinião e faz diversos comentários durante o jornal que apresenta.

Rachel Sheherazade (Crédito - Mario Rodrigues)
Uma das críticas que renderam uma enorme polêmica foi o caso envolvendo um grupo que puniu um menor infrator que foi preso em um poste e espancado no Rio de Janeiro, em fevereiro. A jornalista mostrou seu ponto de vista sobre o assunto. "No país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro", disse Rachel. Esse assunto gerou tantas discussões que a jornalista está sendo investigada e acusada de apologia ao crime e incitamento à tortura e ao linchamento, pelo Ministério Público Federal.

Dois meses após o comentário, que foi classificado como nazista por muitos internautas, o Sistema Brasileiro de Televisão optou por vetar os discursos opinativos de seus âncoras, dividindo ainda mais o público. Segundo o publicitário Bruno Pereira, a liberdade de opinião deveria ser preservada a todo custo. "Vivemos em um país que em que se afirma o direito de se expressar livremente. Todavia, quando percebemos que algo está errado, ou pelo menos, parece estar, nos cobrimos de covardia e conformismo, retirando de nossas costas a obrigação de cobrar e levar publicamente nossa real indignação", afirma.

Contudo, uma parcela significativa de jornalistas se posicionaram contra Sheherazade, alegando que sua defesa aos vingadores populares seria indevida. Durante o Jornal da Band, Ricardo Boechat mandou uma indireta para a colega de profissão após noticiar o caso da mulher que foi linchada no Guarujá. "Esse crime aí, minha gente, tem tanta responsabilidade o autor do boato espalhado pela internet, no 'Guarujá Alerta', quanto pessoas que, mesmo em emissoras de televisão, estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos", declarou.

       
 A jornalista Lígia Souza se mostra insatisfeita quanto às falas da justiceira. "A função jornalística envolve desenvoltura e consciência ao narrar fatos, prendendo a atenção do receptor. Sobretudo, devemos priorizar o bom senso nos argumentos utilizados, principalmente quando eles tendem a repercutir excessivamente na mensagem transmitida", pontua.

Sob chuva no Memorial da América Latina

 Temporal não abala fãs no show de encerramento do festival gratuito da Cultura Inglesa

Por Fernanda Clas e Tamiris Mota
        Entre os dias 9 e 25 de maio, ocorreu o 18º Cultura Inglesa Festival (CIF). O evento, que acontece todo ano, é promovido pela Cultura Inglesa e conta com uma grande programação gratuita de música, cinema, espetáculos, bate-papos e exposições.
         Este ano, o CIF trouxe um tema novo para suas atrações: a gastronomia. A tradicional Feirinha Gastronômica, realizada aos domingos, na Praça Benedito Calixto, contou com uma edição especial, na qual foram servidos pratos típicos britânicos. O chef Andy Bates, autoridade em street food e especialista em culinária britânica clássica, foi um convidado especial. Além de suas receitas típicas, participou de um bate-papo sobre gastronomia de rua.
        Mas o destaque foi para o show de fechamento do evento, que contou com a presença de duas bandas inglesas o Los Campesinos e Jesus and Mary Chain, e dos brasileiros Monique Maion, Voliere e Staff Only. Daniela Fernández, estudante de biomedicina na Unifesp, esteve presente na 18ª edição do evento e conta como foi: “Fiquei até o cover da Amy Winehouse, foi a minha primeira vez no festival, adorei a homenagem que fizeram para ela. Eu e meus amigos não ficamos até o Jesus, o que atrapalhou foi a chuva, mas definitivamente quero voltar ano que vem.”
        Segundo a assessoria de imprensa, mesmo debaixo de muita chuva, o show atraiu mais de 12 mil pessoas à Praça Cívica do Memorial da América Latina, quase dois mil a mais do que no ano passado. O portal Terra transmitiu todas as apresentações ao vivo, atingindo 37 mil espectadores que preferiram acompanhar o festival longe da chuva.
The Jesus And Mary Chain, o show mais aguardado da noite de encerramento que animou o público mesmo debaixo de chuva (fonte:http://tenhomaisdiscosqueamigos.com/)

Por dentro do RBMUN

Evento organizado por alunos das Faculdades Integradas Rio Branco agradou o público, inclusive alunos de outras universidades


Por Danilo Alves, Jacqueline Altopiedi e Marcel Pereira 
Comitê de Direito no RBMUN
Fonte: www.riobrancofac.edu.br




Nos dias 17 e 18 de maio ocorreu o VI RBMUN, quando as Faculdades Integradas Rio Branco foram palcos de simulações sobre negociações de casos como Isabella Nardoni. Cerca de oitenta estudantes de diversas faculdades compareceram, colocando em prática informações obtidas dentro das salas de aula.

O RBMUN contou com a parceira do Secretariado-Geral Sobre a Juventude da Organização das Nações Unidas (ONU) que buscou saber dos alunos o que eles pensam sobre os temas: educação, emprego, saúde, boa governança, paz e estabilidade, com o objetivo de criar medidas para o fortalecimento dos jovens de todo o mundo.

O evento teve a participação do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Flavio Borges D’Urso. “Vejo aqui bons futuros advogados”, afirmou.

Juliana Barros, estudante de Direito nas Faculdades Integradas Rio Branco foi a organizadora do comitê de direito. “[O evento] ocorreu de forma produtiva e os debates alcançaram pontos importantes para o desenvolvimento das discussões”, disse.

“Acredito que os assuntos abordados no decorrer do evento foram de extrema relevância para o esclarecimento dos fatos perante os jurados”, completou.

Ela afirma que o evento acrescentou muito no conhecimento de todos e lembra: “Mostra como funciona, na prática, procedimentos jurídicos (no caso o júri) que aprendemos em sala de aula.”

Gregory Ribeiro, estudante de Direito na UNIP também foi ao evento e expôs sua opinião: “Eu achei um evento muito interessante realizado pela faculdade, pois ele ajuda o aluno a entender mais o conteúdo jurídico”. “Apesar de não estudar nas Faculdades Integradas Rio Branco todos me trataram com muita educação e tiveram um certo zelo”, acrescentou.

Perguntado sobre os assuntos abordados, ele afirmou: “Foram de total interesse diante do conteúdo que estudo, isso porque diante do júri o assunto abordado do caso de Isabela Nardoni é um assunto ainda novo, discutido e esta na mídia”.


“Em meu conhecimento o evento acrescentou muito, diante de meus pensamentos jurídicos, ou seja, se em alguma vez na minha vida for participar de um júri já possuo uma certa base do que ver, perceber, conversar”, declarou.





A fonte da Música Popular Brasileira secou?

Em meio ao surgimento de gêneros como o Sertanejo Universitário e o Funk Ostentação, muitos se perguntam o que aconteceu com a criatividade e a qualidade de nossas músicas.
Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues


Em meados da década de 1940, Luiz Gonzaga trouxe do Nordeste um ritmo acelerado e contagiante, fazendo o país dançar ao som do baião. Em 1958, João Gilberto inaugurou a Bossa Nova com a canção “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Uma década depois, jovens artistas adotaram instrumentos elétricos e concepções artísticas de vanguarda para apresentar a Tropicália. Em meio ao fenômeno grunge, bandas como Mundo Livre S/A e Nação Zumbi recolocaram a criatividade nordestina na praça ao dar vida ao Manguebeat.

O cantor e compositor Edvaldo Santana
(Foto: Reinaldo Meneguim)
O Brasil foi celeiro de ricas criações artísticas e berço de cantores que marcaram época por seu talento indiscutível e criatividade fora do comum. A música nacional já foi um produto fino do tipo exportação. Atualmente, no entanto, por mais que a mídia veicule uma gama de novos músicos, nada soa como novidade ou chama a atenção de ouvidos mais exigentes. A fonte secou ou não está mais disponível para o grande público?

Para o produtor musical José Nilton Tonin, a Música Popular Brasileira enfrenta um período de entressafra. “Vivemos um momento de transformação musical, em que novos gêneros são criados, mas muitas coisas serão passageiras. Passamos por uma crise, principalmente nos nossos conteúdos de letra, que influenciam todos os estilos musicais, e isso acaba sendo a principal arma utilizada pelo comércio. Então, a música acaba deixando de ser música e vira comércio”, afirma.

E quem responde por esse quadro? O cantor e compositor Edvaldo Santana acredita que, enquanto a música estiver sob domínio de grandes corporações, mais difícil será a promoção de novas ideias artísticas. “Elas continuam ditando as regras, comprando horários em emissoras de rádio, apresentações em programas de TV e publicações em jornais e revistas. O escoamento da produção musical continua muito difícil para quem não está ligado a alguma multinacional do entretenimento”, pontua.

O músico ainda ressalta que as novas tecnologias facilitam a divulgação dos materiais de artistas que, como ele, ganham a vida de forma independente. “A possibilidade de gravar e difundir sua obra ficou bem interessante, vieram à tona trabalhos com muita criatividade e que estavam escondidos. A internet é um oásis, pois democratizou o acesso de quem produz e de quem quer ouvir outro tipo de música que não sejam aquelas impostas pelo mercado.”


Em uma música plural e criativa, como é notoriamente reconhecida a MPB mundo afora, os talentos nunca desaparecerão. E caso eles não estejam diante de nossas vistas ou ao alcance de nossos ouvidos, não se preocupe. A beleza, às vezes, pode estar a um clique de distância ou em uma esquina qualquer.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

A política entra em campo

O futebol já foi utilizado como instrumento político. E neste ano não será diferente.
Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues

A Copa do Mundo de 1934 era, literalmente, um teste de vida ou morte para os jogadores da squadra azzura. Com a ascensão do fascismo, Benito Mussolini enxergou no futebol um ótimo meio para mostrar ao planeta a nova cara do país. Por isso, a conquista era imprescindível. Antes da final, contra a Tchecoslováquia, o Duce enviou aos seus atletas um bilhete com a frase “vitória ou morte”. A Itália venceu a partida por 2 a 1, garantindo seu primeiro título.


Anos mais tarde, a política entraria novamente em campo. E com a camisa canarinho. Em 1970, o Brasil montou um time dos sonhos para a Copa do México. E o regime militar “colaborou” na convocação deste selecionado. Com a benção do general Emilio Garrastazu Médici, Zagallo levou ao torneio o atacante Dario. Ciente das possibilidades de a equipe voltar da América do Norte com o tricampeonato, a ditadura ainda fez uso exagerado da modalidade como propaganda do governo, criando slogans como “Ninguém segura este país", "Brasil: ame-o ou deixe-o" e o tema musical “Pra frente, Brasil”.

Estes exemplos comprovam que o esporte, muitas vezes, cumpre mais que o papel de entretenimento. É uma poderosa arma política, engatilhada com a proximidade de mais uma edição do campeonato mundial e das eleições presidenciais. “A Copa do Mundo tornar-se-á o grande espaço de debate político nesse segundo semestre", aponta Luiz Antônio Vital Gabriel, professor de Ciências Políticas das Faculdades Integradas Rio Branco.


Ele acredita que o resultado deste pleito pode ser influenciado pelo desempenho da Seleção no campeonato, ao contrário do que prega Lula. Em recente entrevista, o ex-presidente afirmou que o brasileiro já tem maturidade política para não se deixar influenciar pelo êxito ou fracasso do time canarinho. "Se o Brasil ganhar, parece-me que o Governo sai fortalecido; se perder, a oposição sai fortalecida, porque fará junção da derrota no campeonato mundial de futebol com questões como inflação, desemprego, baixo nível de crescimento da economia brasileira nos últimos anos", completa o professor.

sábado, 17 de maio de 2014

Estrangeiros brasileiros

Depoimentos sobre a Copa do Mundo no Brasil de estrangeiros que moram aqui há mais de 50 anos

Por Danilo Alves, Jacqueline Altopiedi e Marcel Pereira


A Copa do Mundo do Brasil iniciará no dia 12 de junho e receberá diversas seleções e com elas virão os torcedores. Será um mês em que várias culturas, manias, etnias se reunirão apenas com um objetivo: torcer pelo seu país. E vem a dúvida: pra quem eles irão torcer? Para o Brasil ou para o seu país de origem? O que eles esperam da Copa no Brasil? Com base nessas perguntas entrevistamos dois estrangeiros que já moram no Brasil há muito tempo para saber a expectativa deles referente à Copa.  

O italiano José Cigarossa mora no Brasil há 50 anos e sobre sua visão da Copa do Mundo no Brasil ele diz: “É um evento que o brasileiro esperou muito para acontecer e está apreensivo para que chegue logo. Vai juntar a população, como em todos os anos de copa, mas esse ano vai ser diferente, o povo brasileiro ficará mais unido do que nunca.”

Os atrasos nas obras dos estádios preocupam até quem não tem nacionalidade brasileira. “Espero que as obras fiquem prontas a tempo,  apesar de não acreditar". No quesito organização, está otimista: "na minha opinião a polícia vai proteger os turistas e a organização da copa vai ser a suficiente para atender a todos”, completa.

Coliseu - Itália      Divulgação/blog italianaticos
Sobre a cultura de seu país, relata: “Os italianos ficam apreensivos e fervorosos, pois a Itália, assim como o Brasil, respira futebol e nesse momento, faltando poucos dias para a Copa, em todas as cantinas e praças o pessoal está reunido falando sobre a seleção." Cigarossa complementa "Vou torcer pelo Brasil. Já tenho mais tempo de Brasil do que de Itália, ensinei meus filhos e netos a torcerem pelo Brasil e não poderia ser diferente”.

Representando a Espanha, entrevistamos Jeanette Gallego que relata: “Quando anunciaram que a copa seria no Brasil, eu fiquei super feliz, pensava em ir ao estádio, ver pessoas de outros lugares do mundo. Depois que soube melhor como estava sendo feito, todos os gastos desnecessários, me chateou um pouco.”

Divulgação blog cultura espanhola
Torre de Collserola - Espanha  Divulgação/Cultura espanhola
A expectativa dela com a chegada dos estrangeiros é o respeito: “Eu espero que o povo brasileiro respeite todos os povos que virão até o nosso país, pois pelo menos na Espanha, todos tratam muito bem os estrangeiros que passam por lá, espero que possamos dar um exemplo a todos e que não ocorram assaltos e notícias que possam difamar mais o Brasil”. E completa falando um pouco sobre seu país de origem “A Espanha sempre foi fanática por futebol, falta apenas um título dessa importância para colocá-la em um lugar que todos os espanhóis queiram ver. As pessoas fazem como os brasileiros, juntam-se para discutir futebol. A minha torcida vai para o Brasil. Já estou há muito tempo aqui, vim pra cá com oito anos e cresci, tanto na escola como no meio dos amigos com todos torcendo pelo Brasil, não tive escolha e nos dias de hoje, me considero fã número um da seleção em tempos de Copa”.





sexta-feira, 16 de maio de 2014

Expectativas da área comercial para a Copa de 2014

Ponto de vista dos comerciantes em relação à chegada de estrangeiros ao país

Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco


Em menos de um mês o Brasil sediará um dos eventos mais esperados por todos: a Copa do Mundo de 2014. Porém, essa realização está dividida entre críticas, opiniões diversas e polêmicas. Grande parte da sociedade considera que o país está investindo exageradamente em obras nas cidades-sede, deixando de priorizar itens essenciais à população como: saúde pública, educação, transporte, entre outros problemas que são utilizados como argumentos pelos adeptos do movimento "Não vai ter Copa".

Por outro lado, existem os que acreditam que a Copa do Mundo de 2014 possa ser usada como estratégia para atrair os estrangeiros, aumentando a visibilidade internacional do Brasil no setor econômico. Segundo Sirane Bandeira, sócia e proprietária do restaurante Maçã Verde, situado na região de Pinheiros, o estabelecimento está preparado para receber turistas. "Estamos desenvolvendo cardápios na língua inglesa e efetuando treinamento dos funcionários para um atendimento de qualidade", diz.

Restaurante Maçã Verde (Crédito - Nathalia Moraes Franco)
Em contrapartida, nem todos os representantes da área do comércio compartilham dessa expectativa positiva no que diz respeito ao Mundial. De acordo com Ana Cecília Panizza, assessora de imprensa da Associação Comercial de São Paulo, o benefício de maior impacto será destinado ao turismo. "A hotelaria lucrará bastante, mas as vendas serão prejudicadas à medida que houver fechamento do comércio durante os jogos", afirma.

A metrópole paulistana recebe um número expressivo de estrangeiros que vêm à cidade para usufruir das opções que ela oferece, desde cultura a negócios. Essa realidade faz com que os turistas tornem-se clientes assíduos do comércio de São Paulo. Lorenz O'Her, estudante alemão que reside no Brasil há um ano, conta que já enfrentou algumas dificuldades durante os atendimentos. "No começo era complicado  pedir o que desejava, tanto pelo meu português escasso, como pelo bloqueio que os comerciantes apresentavam em compreender algum outro idioma. Diante dessa situação, apelava para a mímica", declara.


Cartão Vermelho para Adidas

Patrocinadora oficial causa indignação após lançamento de camisetas depreciativas.
Por Flávia K. Mendes e Gabriela Alencar

Faltando 28 dias para a Copa do Mundo, o Brasil está em polvorosa. Toda a atenção do planeta será voltada para nosso país e não podemos fazer feio. Diversas campanhas publicitárias e produtos foram feitos para promover o Brasil para os estrangeiros, mas uma em especial se destacou.

A Adidas, colocou diversas camisetas à venda em seu site americano, porém duas dessas camisetas possuíam estampas pejorativas, com duplo sentido e com conotação sexual que difamavam a imagem da mulher brasileira. 

    Coração também pode ser enxergado como nádegas.
           Foto: Adidas / Reprodução                
Estampa traz expressão que pode significar tanto:
"pegar garotas", como"querendo gols".
Foto: Adidas / Reprodução

O professor, Alexandre Fillietaz comentou o caso afirmando que a talvez Adidas tenha confundindo a sensualidade geralmente associada ao nosso Carnaval com a imagem da mulher como objeto sexual. "Talvez a campanha tenha sido inspirada em valores culturais brasileiros, mas mal interpretados. As pessoas tem que vir para o Brasil para assistir aos jogos, assistir à Copa e não para explorar o povo brasileiro".

A coordenadora do blog, Blogueiras Feministas, Bia Cardoso, também comentou o caso “Acredito que qualquer coisa que reforce a imagem estereotipada da brasileira para o exterior é prejudicial e só aumenta o machismo em relação às mulheres”.

É importante lembrar que dados divulgados pela ONG sueca ChildHood, especializada em proteção à infância, e entregues à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em fevereiro, mostram o aumento de casos de exploração sexual de mulheres e crianças em locais de grandes eventos esportivos. Na Copa da África, em 2010, foi registrado um aumento de 63% de exploração infantil e de 83% contra mulheres, no período do evento.

“A mulher brasileira foi objetivada, difamada, como se o país fosse um verdadeiro festival de carne humana pronta para consumo”, declara a ilustradora Evelyn Queiróz, que faz desenhos de mulheres com corpo fora do padrão, ela também afirma que enxergou a campanha como uma falta de respeito em nível absurdo. 

A antropóloga Debora Diniz, que escreveu para o Estadão em março, comentou novamente o assunto “O recado que podemos dar é que não somos mercadoria a ser vendida. E que vamos pensar muito antes de voltar a comprar algo dessa marca”.
Governo Federal sugeriu alterações nas estampas lançadas pela
Adidas.
Foto: Reprodução
Em nota oficial, a Adidas afirmou que as camisetas eram de uma edição limitada e que estaria disponível para venda apenas nos Estados Unidos. E também que “os produtos não serão mais comercializados pela marca".