Projeto
para tornar acessível às massas “O Alienista” de Machado de Assis causa polêmica e
opiniões diversas
Por Gabriela Alencar
Vocabulário rebuscado,
atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos e antecipações modernas,
são as principais características dos textos de Machado de Assis, considerado o
maior nome da literatura nacional. E quando pensamos em clássicos da literatura
brasileira, seu nome logo surge em nossa mente.
Escritos há quase dois
séculos, seus livros e contos ainda possuem uma grande visibilidade e importância
tanto para mundo acadêmico quanto para o universo cultural. Porém, como comenta
o professor de filosofia Humberto de Aragão “Temos que avaliar a realidade do
país do qual nós somos cidadãos. A maioria do nosso povo é inculto ou com pouca
cultura e dificilmente terá acesso ao um texto literário do nível dos textos escritos
por Machado de Assis”.
Pensando na dificuldade de
leitura e na acessibilidade que os livros de Machado têm em camadas mais
populares, a escritora Patrícia Secco, que escreve livros para o público
infantil, criou um projeto que viabiliza simplificar a versão de "O
Alienista" do autor. Segundo ela, os jovens atualmente não gostam de ler
Machado porque consideram sua escrita complicada.
Versões simplificadas de “O
Cortiço", de Aloísio de Azevedo e "Memórias de um Sargento de
Milícias", de Joaquim Manoel de Macedo, também estão previstas. O projeto
recebeu apoio do Ministério da Cultura com uma verba de R$ 1.039.000,00 para a
disponibilização dos livros de forma gratuita através do Instituto Brasil Leitor.
A professora de língua portuguesa
Virgínia Antunes de Jesus não concorda com a proposta de simplificação “Eu
acho ridícula essa proposta, porque as pessoas acham que literatura é só enredo.
Não. Tem todo um trabalho de linguagem por trás”.
“A leitura do texto de
Machado de Assis em si é imprescindível e insubstituível”, declara o professor
de filosofia. Mas, ele considera válido o projeto para tornar acessível ao povo
brasileiro à literatura e os textos do escritor. “Se o objetivo é esparramar
livros que o façamos mesmo adaptando a linguagem popular os clássicos da nossa
literatura”.
E completa citando o poeta
abolicionista, Castro Alves:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar. “
(Castro Alves, “O Livro e a
América”)
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