Por Giovana Meneguim e Nathan Rodrigues
Em meados da década de 1940, Luiz Gonzaga trouxe do Nordeste um ritmo acelerado e contagiante, fazendo o país dançar ao som do baião. Em 1958, João Gilberto inaugurou a Bossa Nova com a canção “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Uma década depois, jovens artistas adotaram instrumentos elétricos e concepções artísticas de vanguarda para apresentar a Tropicália. Em meio ao fenômeno grunge, bandas como Mundo Livre S/A e Nação Zumbi recolocaram a criatividade nordestina na praça ao dar vida ao Manguebeat.
O cantor e compositor Edvaldo Santana (Foto: Reinaldo Meneguim) |
Para o produtor musical José
Nilton Tonin, a Música Popular Brasileira enfrenta um período de
entressafra. “Vivemos um momento de transformação musical, em que novos gêneros
são criados, mas muitas coisas serão passageiras. Passamos por uma crise,
principalmente nos nossos conteúdos de letra, que influenciam todos os estilos
musicais, e isso acaba sendo a principal arma utilizada pelo comércio. Então, a
música acaba deixando de ser música e vira comércio”, afirma.
E quem responde por esse
quadro? O cantor e compositor Edvaldo Santana acredita que, enquanto a música
estiver sob domínio de grandes corporações, mais difícil será a promoção de
novas ideias artísticas. “Elas continuam ditando as regras, comprando
horários em emissoras de rádio, apresentações em programas de TV e publicações
em jornais e revistas. O escoamento da produção musical continua muito difícil
para quem não está ligado a alguma multinacional do entretenimento”, pontua.
O músico ainda ressalta que as novas tecnologias facilitam a divulgação dos materiais de artistas que, como ele, ganham a vida de forma independente. “A possibilidade de gravar e difundir sua obra ficou bem interessante, vieram à tona trabalhos com muita criatividade e que estavam escondidos. A internet é um oásis, pois democratizou o acesso de quem produz e de quem quer ouvir outro tipo de música que não sejam aquelas impostas pelo mercado.”
Em uma música plural e criativa, como é notoriamente reconhecida a MPB mundo afora, os talentos nunca desaparecerão. E caso eles não estejam diante de nossas vistas ou ao alcance de nossos ouvidos, não se preocupe. A beleza, às vezes, pode estar a um clique de distância ou em uma esquina qualquer.
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