domingo, 1 de junho de 2014

Justiceira Censurada

Entre declarações polêmicas, Rachel Sheherazade divide opiniões 

Por Camila Santos e Nathalia Moraes Franco

Rachel Sheherazade, jornalista pessoense conhecida por fazer diversas críticas a vários temas que envolvem a sociedade e o governo, gera controvérsias ao fazer suas declarações. A atual âncora do SBT Brasil, um dos jornais da terceira maior emissora de TV do país, mostra sua opinião e faz diversos comentários durante o jornal que apresenta.

Rachel Sheherazade (Crédito - Mario Rodrigues)
Uma das críticas que renderam uma enorme polêmica foi o caso envolvendo um grupo que puniu um menor infrator que foi preso em um poste e espancado no Rio de Janeiro, em fevereiro. A jornalista mostrou seu ponto de vista sobre o assunto. "No país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro", disse Rachel. Esse assunto gerou tantas discussões que a jornalista está sendo investigada e acusada de apologia ao crime e incitamento à tortura e ao linchamento, pelo Ministério Público Federal.

Dois meses após o comentário, que foi classificado como nazista por muitos internautas, o Sistema Brasileiro de Televisão optou por vetar os discursos opinativos de seus âncoras, dividindo ainda mais o público. Segundo o publicitário Bruno Pereira, a liberdade de opinião deveria ser preservada a todo custo. "Vivemos em um país que em que se afirma o direito de se expressar livremente. Todavia, quando percebemos que algo está errado, ou pelo menos, parece estar, nos cobrimos de covardia e conformismo, retirando de nossas costas a obrigação de cobrar e levar publicamente nossa real indignação", afirma.

Contudo, uma parcela significativa de jornalistas se posicionaram contra Sheherazade, alegando que sua defesa aos vingadores populares seria indevida. Durante o Jornal da Band, Ricardo Boechat mandou uma indireta para a colega de profissão após noticiar o caso da mulher que foi linchada no Guarujá. "Esse crime aí, minha gente, tem tanta responsabilidade o autor do boato espalhado pela internet, no 'Guarujá Alerta', quanto pessoas que, mesmo em emissoras de televisão, estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos", declarou.

       
 A jornalista Lígia Souza se mostra insatisfeita quanto às falas da justiceira. "A função jornalística envolve desenvoltura e consciência ao narrar fatos, prendendo a atenção do receptor. Sobretudo, devemos priorizar o bom senso nos argumentos utilizados, principalmente quando eles tendem a repercutir excessivamente na mensagem transmitida", pontua.

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