sexta-feira, 2 de maio de 2014

A realidade nas redações


O relato da censura nas redações durante o regime militar 

Por Danilo Alves e Jacqueline Altopiedi

          A ditadura militar censurou músicas, escolas, poemas, reportagens, entre outras coisas. O povo brasileiro era controlado por órgãos do governo que tentavam mostrar a paz e a estabilidade social no país.
Entre os anos de 1968 e 1973 o Brasil foi uma das economias que mais cresceu no mundo. Com o grande desempenho econômico os militares garantiam a cumplicidade do povo brasileiro com o regime militar através da censura que era implantada principalmente nos meios de comunicação.
A professora Clara Correa, das Faculdades Integradas Rio Branco, conta o que vivenciou na época da Ditadura Militar. Na época ela ja trabalhava como jornalista e explica o que ocorria dentro das redações.
"Comecei a trabalhar, em 1973, em agências de notícias como a Associated Press (AP) e a United Press Internacional (United Press Internacional). Em seguida  fui contratada pela A Gazeta (da Fundação Cásper Líbero)  pela Folha da Tarde, do Grupo Folha. Certa vez, foi impresso uma reportagem minha sobre os ambientes das redações, onde eu apontava a carga excessiva de trabalho dos profissionais nas redações - três períodos diários, em três lugares diferentes, inclusive na FT. Por ordem do Sr. Frias sai da redação. Alguns colegas ,do Jornal da Tarde, foram me entrevistar e no dia seguinte a matéria deles foi substituída por uma receita de bolo. Este procedimento foi adotado pelo grupo Estado para todos os textos que eram censurados dentro da redação pelos censores ali instalados. Foi a forma que os jornais do grupo encontraram para informar os seus leitores da censura", relatou. 
Texto censurado pela ditadura.(Texto: Canto Primeiro)
 O ambiente nas redações era de muita pressão, pois havia pessoas ligadas ao governo que reprimiam e censuravam a todos, é o que afirma a professora: "O ambiente, muitas vezes era de medo real, pois muitos eram levados a interrogatórios e, nem sempre voltavam. A detenção era arbitrária,  e muitas vezes sem base legal. Em 1979, eu trabalhava na assessoria de imprensa da VASP, empresa do governo do Estado de São Paulo, mas "administrada" pelo então DAC Departamento  Aéreo, ligado ao Ministério da Aeronáutica. Dentro da empresa, havia um censor, que observava as nossas atividades. Os jornalistas eram denominados de "Melancias", ou seja, verdes por fora e vermelhos por dentro". 
Quando perguntada, se na sua opinião as grandes mídias apoiavam/ocultavam muitas coisas que os militares faziam. ela disse: “Havia sim, pois a Folha apoiava claramente o Movimento de 64,  enquanto O Estado não, mas este mesmo jornal, antes apoiou, por exemplo, "A marcha pela família com Deus e pela liberdade".
Na época da ditadura, houve várias prisões por protestos de músicos, poetas, escritores e vários desaparecimentos de pessoas que não eram a favor do regime.



Texto censurado pela ditadura.(Texto: Os Lusíadas) 








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